30 outubro 2006

nunca esquecer...



She discovered with great delight that one does not love one's children because they are one's children but because of the friendship formed while raising them.

G G Marquez

isto aqui não é um filme

Tempo incrível este fds, calorzinho, noite de verão... adoro lisboa :)
Mas, uma coisa começa a chatear, porque tudo o que é demais enjooa. Estou a falar dos turistas, isto está a começar a ficar parecido com Barcelona, porque agora, para além de tudo (uns mais irritantes que outros, enfim) temos uma espécie que é o pior turista de todos - os americanos "alternativos". A sério, reparem quando puderem. Concordo com a Danone, não há pa-ci-ên-cia.
Tudo é "sooooo exotic", "like soooo much more interesting than spain!!!" oh my GOD!!!""We went to a bullfight and i really don't get why it is such a big thing, you know, I mean, it's like as violent as an action movie""totally dude"
ERA MESMO SÓ O QUE ME FALTAVA ;)

Acho que estou a ficar xenófoba [suspiro]; se calhar o melhor é mesmo emigrar durante uns tempos para ver se isto me passa. Porque ando mesmo com killer instincts em relação aos estrangeiros--

26 outubro 2006

oquestrada

www.oquestrada.com

Eu quero um CD destes gajos... são lindos, vejam o vídeo no site deles. Não paro de ouvir. A mistura de crioulo, francês e tasca do Chico tocou-me, não sei porquê. E quero ir ver um concerto também. Quem quer vir?

23 outubro 2006

o mundo inteiro cabe em lisboa



A não perder para quem gosta de cinema um bocadinho diferente... Ontem vi dois, um polaco um bocado sujo e um tuga muito bom, sobre os índios da meia-praia. Já tinha ouvido falar muito deles, mas não sabia bem o que eram. Afinal são uma grande família que acampou ali ao pé de Lagos, há 40 anos atrás, e que agora, apesar de já terem casas de tijolo, continuam a manter o espírito. Podiam ser ciganos, mas não são - são tugas mesmo - sardinhas, vinho, fadinhos, e de conversa fácil com quem apareça.
O programa do doclx está em www.doclisboa.org

22 outubro 2006

cocho-ua-ti

O melhor bolo de chocolate do mundo demora só 20 minutos a fazer, incluindo o tempo no forno. Que, cá em casa (principalmente com o João por perto) é também o tempo que dura até desaparecer ;)

Então é assim, por ordem:

- ligar o forno no máximo
- no microondas, derreter 200 gr chocolate preto com 200 gr de manteiga
- bater 4 ovos inteiros com 200 gr de açucar, e depois juntar a isto a mistura do chocolate
- juntar 200 gr de farinha e misturar tudo muito bem.
- despejar a massa para uma forma previamente untada com manteiga e polvilhada de farinha
- levar o bolo ao forno durante e apenas11 minutos

Et voilá. Não desenformem logo, porque o bolo fica muito mal cozido (tipo mousse, por dentro) e pode desmanchar-se todo.

nham

20 outubro 2006

fear, that creepy bastard

Agora é que vai começar a doer.
As aulas do mestrado este ano são à sexta.... até à meia-noite. Comentário do João quando soube: tou a ver que só te vejo sábado de manhã... de certeza que sais das aulas e vais directamente para o Bairro. Não sei não... é violento depois de um dia inteiro de trabalho, seis horas de aulas seguidas. Mais as leituras que é preciso fazer, os trabalhos para escrever, e os freelas ocasionais. A responsabilidade no emprego também aumentou, e não tenho necessariamente mais trabalho, mas sou responsável pelos resultados do trabalho de muitas pessoas.
E isto tudo tem de ser conjugado com a cena mais importante da minha vida, que é ser mãe do Mica. Não é só fazer o jantar e levar/buscar à escola, é brincar, jogar à bola, ver outra vez os monstros e companhia, e ter aquela paciência inesgotável para as birras dos 2 anos...
O meu pai já está preocupado comigo, perguntou-me se eu achava que aguentava. Disse-lhe que sim, claro, mas... de vez em quando o medo aparece, assim de fininho. Medo que a minha cabeça se enrole toda, e que os nervos me atraiçoem outra vez.
Acho que o truque está em ter um olho no burro, e outro no cigano, :)
Ou seja, não achar que sou a super-mulher porque estou longe disso, mas também acreditar que um pequeno esforço ocasional é o que é necessário agora. E que eu consigo.
Para além disso, ainda tem que sobrar energia para a parte lúdica, que sem uns copos e uns patatis a vida de facto não tem tanta piada!
Uma das razões pela qual estou a escrever isto é para funcionar mais ou menos como um depósito, ou seja, quando estiver prestes a desanimar e a ir-me abaixo, venho ao blog e leio o que escrevi naquele dia em que me sentia capaz de tudo, que é como me sinto hoje. Enxotar o medo é BOM!

STRESSSSSSS!

stresstresstresstresstresstresstress... este fds quero carne, chocolate e sofá. e ganza.

19 outubro 2006

a tv japonesa é um mundo...

surreal. Até a mim me dói, e não tenho tintins!

dia de chuva

Um fenómeno que não consigo entender é a loucura em que o trânsito se transforma nos dias de chuva, como se chovesse dentro dos autocarros e dos comboios. Demorei horas a chegar aqui, e podia estar irritadíssima, mas hoje nada consegue destruir o meu espírito!

17 outubro 2006

o pequeno rectângulo - a outra face

Para quem estranhou o meu súbito acesso de orgulho patriótico no último post, resolvi prontamente escrever este, para que não haja dúvidas ! De vez em quando é bom parar de criticar só pelo prazer que isso dá, e olhar a sério para as coisas, boas e más. Ontem foram as boas - que, como vêem, têm que se procurar em revistas estranhas :). Hoje é a vez das más - para estas, basta andarem de autocarro, ouvirem conversas de café ou falarem um bocado com o vosso avô ou, em alternativa, com a senhora que limpa o vosso escritório.

Não vou responder à letra ao outro senhor, a não ser à primeira frase, e o resto será aleatório.

Vivo num país que tem a maior taxa de crianças internadas em instituições - são neste momento 15 000, das quais apenas 300 estão aptas a serem adoptadas, isto porque os queridos pais não abdicam dos seus direitos (preferindo tê-las internadas, e visitando-as de vez em quando) e porque os tribunais dão SEMPRE preferência à família biológica. Depois há as Joanas, as Vanessas, as Catarinas, abusadas, violentadas e assassinadas. Temos, claro está, uma das maiores taxas de crianças maltratadas no contexto europeu.

Vivo num país onde o abandono escolar ainda durante o ensino básico é assustador, e onde os professores têm a lata de fazerem greve porque agora, entre outras "aberrações", são obrigados a passar mais tempo na escola, em aulas de substituição e de apoio, a fazerem, espera-se, exactamente aquilo que lhes pagam para fazer - ensinar e obter resultados.

Vivo num país onde, a partir de agora, por vontade do Ministro da Saúde, as pessoas que são internadas nos hospitais do SNS passarão a pagar uma "diária" que pode ir até aos 5 euros. Parece pouco, mas considerando que os "fregueses" desses hospitais são muitas vezes pensionistas, facilmente podemos chegar a situações injustas e incomportáveis. Para além de que já pagamos impostos muito altos, que supostamente servem para estes serviços serem gratuitos, universais, e de qualidade.

Onde toda a gente tem um episódio kafkiano para contar, da sua passagem por um qualquer serviço de urgências...

Vivo num país onde é melhor pensar duas vezes antes de accionar qualquer processo em tribunal, pelo tempo, energia, e dinheiro que isso implica... e onde um Juíz do Supremo declara em acórdão que um bom "pai de família" deve utilizar castigos corporais no seu esforço de bem educar os filhos... e talvez também a digníssima esposa.

Onde este ano arderam 72 mil ha de floresta - número considerado "muito bom" ontem pelo Ministro da Administração Interna! Foi uma boa "época", portanto.

Podia continuar, mas não fiz pesquisa e isto é aquilo que me lembrei aqui em 20 minutos... curiosamente, são pequenas "falhas" em cenas estruturais: a família, a educação, a saúde, a justiça e o ambiente. Tudo coisas que fazem com que os triunfos nas nossas empresas me pareçam... pequeninos, quando há tanto tão importante por fazer.

16 outubro 2006

o pequeno rectângulo

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.

Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus. Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados.

E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais.

E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).

Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.

Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.

Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis.

E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive -Portugal.

Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.

E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos.

É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.

Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.

Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.

Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?

"Portugal Vale a Pena - Nicolau Santos, Director adjunto do Jornal Expresso in Revista Exportar "

13 outubro 2006

e nao é que...

ontem à noite encontrei a Teresa, aquela da casa de banho do Lux, e LEMBREI-ME dela! Finalmente está resolvido o mistério. UFF. Afinal não sou assim tão mamaducha...

12 outubro 2006

reality check

sou só eu, ou também já repararam que o verão acabou?...

11 outubro 2006

quem te olha de forma estranha?




Aniversário do Lux - começou Fellini, acabou Almodóvar. Esqueci-me de levar roupa para casa da Ana, portanto hoje estou no trabalho de saia às bolas e sapatos vermelhos.
Tirámos fotos em frente a Santa Apolónia ;) antes de entrar. Na fila começámos a ver as personagens, e, beeeem, as pessoas estiveram à altura! Havia um par LINDO, ele um matador a rigor, com aqueles chapéus com umas bolas de lado e tudo, e ela de sevilhana. Havia freiras, padres, gangsters, travestis, vamps, a velha doida das Mulheres à beira de um ataque de nervos, tudo. A produção era tanta que, no terraço, quando vi uma mulher de bata, vassoura e pá a varrer o chão, achei que alguém tinha tido a ideia de vir de Carmen Maura (Que fiz eu para merecer isto?), mas parece que não... havia mais iguais na pista e noutros sítios.
Lindo foi também ouvir as músicas dos filmes, e dançar com o Cardo (calma, amor! o gajo é gay), no terraço, o Piensa en mi... quando sufras, quando llores, también, piensa en mi...
Pelo meio, vodka maçã, ananás, maracujá, laranja e todas as frutas que conseguimos. Morango não havia :(
Eu e a Ana passámos a noite a ir brindar com um par lindo de morrer, vestidos com uns... não sei bem o que lhes chamar, mas pareciam aqueles fatos de banho dos anos 20, todos pretos. Dois gajos, com um ar absolutamente fantástico. Passávamos por eles, sorríamos e brindávamos. Sou tão totó que só quando fomos embora e fizemos o brinde da despedida é que percebi que eles não eram somente um par, mas um casal. Mas demos, todos os quatro, beijos na boca (sendo eles gays, foi a coisa mais pura).
Na fila da casa de banho, uma gaja não parava de olhar para mim. Quando foi a vez dela, puxou-me de repente pelo braço e entrámos as duas no cubículo. Fiquei para morrer, mas nada disso. Era só o ecstasy. Aparentemente, andei com ela na Fac, entrou no mesmo ano que eu, sabia o meu nome e eu... não faço puto de ideia quem ela seja. Chama-se Teresa e é de Évora e de Pintura. Vou perguntar à Inês... Deu-me o mail e insistiu muito para eu ir ver o site dela. Até via, mas esqueci-me do endereço. Este foi o episódio Almodóvar.
Falta contar que dançámos dentro da jaula. Adorei. A Ana diz que vai pôr uma na sala, no lugar onde estava a mesa. Força miúda. Deve ser óptimo jantar dentro de uma jaula enorme com bancos de veludo. A sério.

10 outubro 2006

mamã é cinde-ue-ua...
















- e o papá?
- papá é pince
- e o miguel?
- é anãozinho...

09 outubro 2006

a paixão é poliester, o amor é algodão

Dei com isto no outro dia, numa carta que escrevi à Clara, quando tinha 14 anos:

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(...) e a paixão nunca dá segurança. É arrebatadora, é certo, mas traiçoeira, precisamente porque nunca sabemos de onde vem nem para onde vai; não nos pertence, entendes? Nós é que lhe pertencemos a ela, de corpo e alma.
Falando da cama e do cobertor, mais precisamente. A paixão é um cobertor muito quente, mas quente demais, e muito pesado. Daqueles que temos sempre a certeza que vai escorregar da cama a meio da noite, deixando-nos com frio e destapadas.
O ideal seria um cobertor quente, fofinho, leve, muito leve. Que aconchega a noite inteira. Que se gasta com o tempo, talvez, não sei, como o teu monte de areia. E é sempre bom ter também um lençol por baixo, just in case...
E isso é o amor.
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Fantástico. Hoje não o diria melhor. Posso mesmo dizer que, quando li isto, me reencontrei com uma parte de mim que ficou lá atrás, perdida no tempo.
Como é que eu sabia tanto da vida? Uma pita. Nunca tinha tido um namorado. Acho mesmo que, tirando o Pedro, a minha paixão arrebatadora da Pré, nunca tinha sequer gostado de ninguém. Mas já sabia isto, já sabia o que devia ser o amor, o que era a paixão, como queimava e prendia.

Nem sei sequer se tenho algo a acrescentar. Acho que não.