07 novembro 2008

é uma linha muito fina

a que separa o amor e o ódio, sempre me pareceu. Aparentemente, é mesmo verdade.

A diferença está no facto de o ódio envolver alguns processos racionais. Daí a atracção pelo mau da história? Isto dá para vários posts...

como pode começar uma canção

13 outubro 2008

it all comes down to this



E isto é o que os executivos de topo da AIG (a primeira a falir) fizeram assim que o governo injectou injectou dinheiro na empresa:

http://voices.washingtonpost.com/livecoverage/2008/10/after_bailout_aig_executives_h.html

Dass. Além destes freaks ainda alguém consegue acreditar no capitalismo sem regras e sem limites?

23 setembro 2008

não consigo escrever nada

Por isso volto a ler Jorge de Sena, e este poema em particular, que sempre me ajudou a acreditar quando tudo parecia sem sentido. Desta vez, é mais difícil encontrar sentido, porque simplesmente não há. A vida, a nossa vida, depende de muito mais do que os nossos actos, tanto para com nós próprios como para com os outros. A vida é frágil e misteriosa. A vida é fugaz. Mas vale a pena lutar por ela até ao fim e foi isso que tu Rita me ensinaste. Foi isso que fizeste, por ti e pelos outros, sempre que foi necessário. Vou ter muitas saudades do teu magnetismo rouco, como alguém dizia no outro dia. E nunca vou deixar de o ouvir.



CARTA A MEUS FILHOS SOBRE OS FUZILAMENTOS DE GOYA


Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido.

Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-1a.
É isto o que mais importa - essa alegria.

Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E. por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.


JORGE DE SENA

(1919-1978)

04 setembro 2008

deixou de haver tempo.



A miúda que tinha a casa de bonecas mais fixe que eu já vi na minha vida está muito muito doente. A minha amiga. Que me emprestou os livros do Tintim, do Blake e Mortimer e me ensinou a dizer que não, a gozar comigo própria e a fazer a depilação em 5 minutos.

Está muito doente e esta semana ficou pior. Hoje ficamos a saber que não sabemos quanto tempo é que ela vai aguentar. Eu finalmente enfrentei o facto de que ela, pura e simplesmente, não vai aguentar.

Nem tive tempo de falar mais com ela desde aquele dia, ha meses atrás, em que ela me ligou do hospital. A estupidez dos dias apressados meteu-se pelo meio, eu deixei que o transito as dores de cabeça os copos os jantares as compras o trabalho as contas se metessem pelo meio.

Perguntou-me se eu achava que lhe iam dizer quando chegasse o que chegou agora. Eu disse que sim, de certeza. Espero que tenham dito. E também me explicou como ía deixar de fumar. Eu voltei a fumar, dias depois.

Estou desorientada.

Que merda, um dia estás a dançar na discoteca pela primeira vez, a fugir de casa a meio da noite para ir fumar ganzas para o jardim, a dar o primeiro beijo na boca de um gajo que não sabe o que está a fazer.
E depois, quando pensas que ainda tens muito tempo, quando os miudos forem crescidos e já nao andarmos a saltar de trabalho em trabalho, de repente o tempo acabou. Deixou de haver tempo.

Crescemos e agora é altura de dizer adeus?

01 setembro 2008

p'ra maracangalha

Tropecei nesta música, na playlist de alguém aqui da agência, e não consegui deixar de ver a tua cara e até ouvir a tua voz quando trauteavas isto... desde que me conheço como gente que o fazias.

Neste Verão, mais uma vez, o Mica esteve a passar uma parte das férias em Arronches, tal como eu quando era criança. Num fim de semana estivemos lá, e houve uma noite estrelada como só ali, bem altas e inatingíveis que são as estrelas naquela parte do mundo.

A Mada disse que uma das estrelas eras tu. O Mica apressou-se a dizer que não, que tu não estavas nas estrelas, que estavas ali mesmo em Arronches, "debaixo de uma mesinha". Então eu disse que sim, que ele tinha razão, mas que nós podíamos olhar para as estrelas, e dar-lhes recados ou mandar beijinhos para as pessoas de quem gostamos, mesmo as que já morreram. Que as estrelas levam recados, são como pombos correio mas muuuuito mais rápidas.

E ali nasceu um ritual que se tem repetido muito todo o Verão, quase sempre por iniciativa do Mica. Fechamos os olhos, e mandamos um beijinho para o Bi Julio, todos ao mesmo tempo. Deves ter recebido beijinhos de Espanha, de Minas de S. Domingos, do Norte, que este Verão o teu bisneto fartou-se de viajar.

Hoje voltou à escola. Que saudades que eu tenho de voltar à escola. E de te ouvir cantar o Maracangalha. Espero que tenhas lá chegado, e que seja um sítio com muito sol e muita música, que é o que te fica bem.

22 agosto 2008

viagem a um passado que nunca existiu

1954


1964



1984



Em http://yearbookyourself.com

18 agosto 2008

sem comentários.

Acabada de chegar de férias dos Picos da Europa, ainda estou meio abananada com o que vi e senti. E dou de caras com este video...



Um post com fotos e videos para breve.

01 agosto 2008

e a frase do dia é

Light travels faster than sound. This is why some people appear bright until you hear them speak.

Assenta como uma luva à festa de quarta-feira e ao rapazinho de camisola às riscas.

31 julho 2008

e... americanisses



Mas esta gente não ganha juízo?... zbr

24 julho 2008

holandesisses




Sempre a inovar nas questões sociais, o parlamento holandês, preocupado com os ataques e assaltos a casais enquanto davam largas à sua paixão em cantos escuros nos parques de Amsterdão, resolveu legalizar a "fornicação" num dos mais antigos e famosos parques da cidade, o Vondelpark. Agora os pombinhos e pombinhas já podem foder descansados, sem se preocuparem com assaltantes oportunistas. Desconfio que a partir de agora passarão a ter que se preocupar com os mirones. Ou não. Que os holandeses são um povo civilizado, e estão habituados a esquisitices como putas em montras. O pior vão ser os turistas que agora, para além do red light district, vão passar a ter de visitar também o green... ou, como já começou a ser conhecido, o Fondle Park.

21 julho 2008

ai não há copy?...



eu desenrasco, sem problema---

17 julho 2008

este também gosto

Como já disse detesto publiciade, principalmente a de carros que ou são transformers, ou máquinas perfeitas em estradas desertas, com gajos vestidos de fatinho BOSS e com aquele ar satisfeito de quem ganha muito dinheiro e não faz um boi.
Este gosto... é realista. É isto que é um carro. O nosso. Em que passamos tempo nas mais variadas circunstâncias e companhias. Não é só por ter um fraquinho po WVs (o meu primeiro carro era um), mas porque está... lindo.

16 julho 2008

eu detesto publicidade. bem, quase toda





Mais um protfolio online, desta vez do meu copy preferido, amigo (in)delicado e praticante de pesca submarina (o carro dele tresanda).
Muito boas ideias. Tenho a sensação que de vez em quando os art directors fodem o resultado... right?

marte e venus ou outra coisa completamente diferente



O último livro que acabei de ler não explica completamente as diferenças entre os homens e as mulheres, mas chega lá muito perto. A CPC tem o génio de apanhar a essência dos sentimentos em frases aparentemente banais, e desta vez inspirou-se no "É proibido fumar" do Jorge Palma, que é um dos discos que ouço muitas e muitas vezes.

E não explica porque não é... explicável. Como diz um dos personagens quase no final, qualquer tentativa de explicar é um passo em direcção à racionalização lógica, e não se racionalizam logicamente os sentimentos humanos. Não se pode. Não se consegue. Ponto.

Em relação ao Purgatório... devo dizer que acho que já lá estive, brevemente, mas que agora olho esse tempo de longe. Não estou no Céu. Estou na Vida. E estou a gostar. Se o Purgatório, tal como é descrito no livro, chegar, cá estarei para o enfrentar, e nadar rapidamente para outras águas. Com ajuda seja do que for. Drogas sexo musica filhos amigos comida viagens e álcool. O que for. Desistir, nunca.

Sinopse
"No meio do nosso caminho", como ficou escrito desde que Dante escreveu A Divina Comédia, é a passagem pelo Purgatório. A meio da nossa vida, já exaustos e a sentirmo-nos assaz espancados e desiludidos, não sabemos onde estamos, quando acaba a expiação dos nossos pecados e, sobretudo, não fazemos ideia do que é que vem a seguir. Tantas histórias que todos conhecemos tão bem.
O que é que sentem realmente os homens que nunca falam? O que é que é mesmo verdade nas conversas das mulheres, que já nem conseguem parar de falar? Para onde é que foi o mundo onde sonhámos que havíamos de estar a viver quando chegássemos a esta idade? Alguém terá, alguma vez, conseguido constituir um verdadeiro casal feliz, digno e sereno na sua aliança? Ainda sobrevive alguém que saiba mesmo o que é a tranquilidade? Mães solteiras, pais de domingo, pessoas que acima de tudo se sentem completamente sozinhas neste mundo, mas ainda não desistiram de dar uma qualquer forma de sentido à segunda metade das suas vidas: somos nós.

Excerto da obra
"Os maridos, Babalu, são a espécie mais incompreendida pela nossa sociedade, e a que merece menos compaixão. Estás-te a rir? Eh pá, poupa-me discursos feministas, pela tua rica saúde. Isso já foi. Já era. Já não corresponde a nada do que realmente existe, pelo menos para a nossa geração. Agora os maridos ou não aguentam mais e se divorciam, como eu, ou andam transformados em baratas tontas a tentar fazer sorrir as senhoras, como eu andava dantes. Ou então, pronto, lá se conformam e se calam e, olha, quando elas os deixam vêem a bola na televisão à noite e vão à caça de dia, que sempre é melhor que partir a loiça toda."

15 julho 2008

salva!

Fartos, como já tinha dito, não era? Pois então o meu amigo e colega L mostrou-me isto... estou apaixonada. Que malha de música.
Vai passar a ser a musica das propostas nº 3.

one song mood...

Mais uma vez, preciso de ouvir repetidamente a mesma música para conseguir sacar propostas... ha 2 anos era esta, e hoje descobri esta versão gira.
Hoje, embati de frente no "at the river" dos groove armada. Já ninguém pode com essa música aqui no buraco. E eu não consigo parar de ouvir.

10 julho 2008

jack handey's deep thoughts

Hoje lembrei-me do Jack Handey, personagem da TV nos EEUU, e que me fazia rir até às lágrimas quando tinha 20 anos. Descobri que ainda faz. E acho que tem a ver com o Bruno Aleixo. Nem toda a gente gosta, mas quem gosta... enjoy---

If a kid asks where rain comes from, I think a cute thing to tell him is, "God is crying." And if he asks why God is crying, another cute thing to tell him is, "Probably because of something you did."

To me, it's a good idea to always carry two sacks of something when you walk around. That way, if anybody says, "Hey, can you give me a hand?" You can say, "Sorry, got these sacks."

I bet a fun thing would be to go way back in time to where there was going to be an eclipse and tell the cave men, "If I have come to destroy you, may the sun be blotted out from the sky." Just then the eclipse would start, and they'd probably try to kill you or something, but then you could explain about the rotation of the moon and all, and everyone would get a good laugh.

Maybe in order to understand mankind we have to look at that word itself. MANKIND. Basically, it's made up of two separate words "mank" and "ind." What do these words mean? It's a mystery and that's why so is mankind.


If you're a cowboy and you're dragging a guy behind your horse, I bet it would really make you mad if you looked back and the guy was reading a magazine.

One thing vampire children have to be taught early on is, don't run with a wooden stake.

If you ever fall off of the Empire State Building, go limp because then people might think you're a dummy and try to catch you, because hey, free dummy!

I hope if dogs ever take over the world and they choose a king, they
don't just go by size, because I bet there are some Chihuahuas with
some good ideas.

If you're a horse, and someone gets on you, and falls off, and then gets right back on you, I think you should buck him off right away.

The memories of my family outings are still a source of strength to me. I remember we'd all pile into the car - I forget what kind it was - and drive and drive. I'm not sure where we'd go, but I think there were some trees there. The smell of something was strong in the air as we played whatever sport we played. I remember a bigger, older guy we called "Dad." We'd eat some stuff, or not, and then I think we went home. I guess some things never leave you.

If you're a young Mafia gangster out on your first date, I bet it's real embarrassing if someone tries to kill you.

08 julho 2008

no reino da dinamarca











Não sou activista dos direitos dos animais, não gosto de cães nem de pássaros (nem de nada que tenha penas), e os únicos animais que consigo ter em casa são peixes - o Manel e o Manuel, baptizados pela pequena criatura.
Mas, confesso que estas imagens me causaram uma profunda sensação de nojo, não dos animais esventrados, mas das pessoas a assitir e a desenvolver actividades no meio daquela sangria desatada - nem percebo bem o que estão a fazer.
Dizem-me que o estranho ritual se passa na Dinamarca, numa região autónoma chamada Ilhas Faroe, e que se trata de uma festa anual, onde os rapazes participam activamente para manifestar a sua passagem à idade adulta. Zbr... isto ultrapassa-me.
Quer dizer, nós não podemos assar porcos nem borregos ao ar livre, o frango de churrasco e as sardinhas assadas no carvão têm os dias contados, e este (in)civilizado povo dinamarquês, parte de uma das mais (diz-se) avançadas sociedades mundiais, presenteia-nos com este espectáculo.
Pó caralho com a Europa e com as tretas de não podermos comer jaquinzinhos e usar colheres de pau.

07 julho 2008

Já repararam como são todos gordos e branquinhos?...

Um repórter alemão, ao melhor estilo Michael Moore, incomoda os deputados europeus que, às 7 da manhã, vão ao parlamento assinar a folha de presenças - para receberem uma "allowance" de mais de 200 euros/dia - e que depois se piram para tratarem da vida deles...

30 junho 2008

voltar




Este fds voltei. A Sagres, ao parque de campismo, à Cordoama, à Tasca do Careca, à praia do Amado. Às conversas à beira-mar, às análises infinitas de nós próprias e daquilo que fizemos, que não fizemos e que vamos fazer. Às minhas tourinhas :) e a uma parte de mim que preciso muito de viver.

Também fiz amigos novos... espero ver-vos de novo em breve!

Agora só me falta voltar às ondas.

E M, desejo.te toda a felicidade do mundo, que vais embarcar numa aventura difícil, porra. Acredita. Mas vale a pena. Vais ter que ter tomates miúda!

Adoro-vos!