28 setembro 2006

nomes

Só quando damos um nome a uma coisa é que ela ganha existência. Faz sentido?

Quando uma criança nascia em Roma, era levada junto do pai que lhe dava, naquele momento, um nome, e isso significava que a aceitava como seu filho. Se não a "nomeasse", a criança podia ser criada na sua casa, mas como um bastardo, ou então era dada para adopção.

Hoje, assim que ficamos "grávidos" começamos logo a pensar em nomes para os nossos bebés, e andamos numa desagradável indefinição de Tiago/Mariana/... durante uns meses, até a ecografia revelar o sexo do rebento - ufff. Nessa altura, podemos finalmente respirar de alívio e é quase como se aquela pessoazinha começasse a existir a partir daí.

Há gente que dá nomes aos carros, às bicicletas, aos ipods (!), aos discos rígidos (mac users :)), às guitarras. Nomes para além dos nomes que já têm. E mesmo para as pessoas, que já passaram pela experiência de nomeação à nascença, conseguimos arranjar ainda outros nomes, principalmente para aquelas de quem gostamos muito. São as alcunhas, os nomes de "casa", os diminuitivos que não lembram a ninguém. Tudo para que se tornem mais nossas.

Quando sentimos, também queremos nomear, para podermos, talvez, apoderarmo-nos desse sentimento, de corpo e alma. Se calhar por isso é tão importante que nos digam "amo-te", ou que alguém queira passar a dizer "a minha mulher", ou ainda decidir, com 12 anos, que aquela é a nossa "melhor amiga" (um título, de pleno direito).

Da importância efectiva dos nomes, não sei. Já li um livro brilhante em que um capítulo inteiro era dedicado exactamente a isso, e a pergunta que o autor fazia era mais ou menos assim "Será que os nomes influenciam a maneira como a nossa vida decorre?" A resposta, como não podia deixar de ser vinda de um economista, era, depois de análises várias, estatísticas and so on, um peremptório não. Esta semana na Pública, li um artigo de um antropólogo que defende o contrário, uma vez que um nome é uma projecção dos desejos parentais, que se manifestarão de outras maneiras sobre o rebento, em tudo condicionando e orientando o seu desenvolvimento. A educação, portanto.
Quanto a mim, já me sucedeu, muitas vezes, embirrar levemente com alguém por causa do nome. Só por causa disso.

O meu nome é Catarina.

2 comentários:

Anónimo disse...

sabes aquela sensação: "eu digo aqui e sai ali"? - é bom ver conversas nossas aqui, ainda bem que registaste o momento, que, como tantos outros nossos, merece o seu lugar na nossa vida.
tu tens sempre lugar na minha, para falarmos de algodão ou poliester..... (o bom mesmmo são akeles tecidos de mistura, 70% algodão 30% poliester, porque têm elasticidade e qualidade pa durar....) - fica pó próximo jantar esta.........
chuacs grandes
da triga

Catioska disse...

lindo ana.
acho que esses tecidos se chamam spandex. é um nome horrível, mas tou contigo, de facto DURAM!
;)