umas dez, por exemplo
Há um cartaz hilariante no Marquês de Pombal, que nos anuncia que o "nacionalismo é solução" (de quê?), e onde, por baixo da fotografia de um senhor que não conheço, aparece um avião com a legenda "façam boa viagem".
Em entrevista ao DN, o presidente do PNR (que é o Partido daquelas pessoas que costumam fazer manifestações com temas interessantes destes e que tentam sempre, nunca percebi bem porquê, colar-se às manifs dos polícias, e responsável pelo dito cartaz) esclarece que a mensagem é dedicada aos imigrantes "maus" - os indigentes, os marginais e os delinquentes. Os imigrantes "bons" não são visados, mas aparentemente não tinham espaço no cartaz para explicar isso (podiam ter contratado um designer gráfico mais articulado), facto pelo qual pede desculpa - Assim ficou um cartaz contra a imigração e os imigrantes em geral, mesmo se a intenção, garante , não é "tratar mal os imigrantes". É mais tratá-los "como estrangeiros".Então e quem são afinal os portugueses, pergunta a jornalista? São os filhos de portugueses, responde o senhor. Ai é? E quantas gerações são necessárias para definir tal portuguesismo? "Ora, isso tem de ser legislado. Umas cinco, por exemplo."
Mas porquê cinco? Contei as gerações da minha família, portuguesa dos 4 costados, e vão pelo menos umas 8 até que se possa vislumbrar sequer um resquício de sangue não luso. Ora, por essa ordem de ideias, não terei eu mais direito à portuguesidade do que o meu cunhado, por exemplo, cuja mãe é holandesa? E que dizer das famílias, no Porto, com origem inglesa? Claro que esses imigrantes devem ser "bons"...
Pelo sim pelo não, acho que se deveria legislar diferentes níveis de portugalidade, consoante a antiguidade. Não quero perder nem direitos, nem regalias, em face a outros menos "habilitados" que eu... como qualquer bom português.